CASA GRANDE & SENZALA: RH E EXCLUSÃO SOCIAL.


Fala-se de “apagão de talentos”, mas por outro lado temos um contingente enorme de profissionais excluídos do mercado de trabalho por uma miopia dos envolvidos com recrutamento e seleção.

O que há de comum nos anúncios de recrutamento e seleção de trainee para grandes empresas?

Os requisitos graduação completa (ou em conclusão) e Inglês avançado são exigidos textualmente. Outras exigências estão subentendidas: que a formação seja numa escola de “primeira linha” e que os candidatos sejam parecidos com os da fotografia que ilustra o anúncio (jovens, brancos e de “boa aparência”).

Vamos visualizar o candidato que será selecionado: jovem (branco), nascido em família classe média alta, estudou em escolas particulares desde os 3 anos de idade, freqüentou cursos de idiomas desde a infância. Estudou durante o dia, pois os pais pagaram a faculdade. E claro ... viajou para Disneylândia.

E aquele que nem pode candidatar-se a esta vaga, quem é?

Nasceu em uma família pobre e com muito esforço concluiu o ensino médio em uma escola pública. Trabalha desde os 16 anos e conseguiu concluir o curso superior, estudando de noite e trabalhando de dia para pagar a faculdade. Agora que concluiu a graduação, está começando um curso de inglês. As vezes não é tão jovem assim. Com todas as lutas e dificuldades da vida, só conseguiu seu almejado diploma depois dos 30 anos. Agora tem um diploma na mão e seu emprego de sempre (com baixa remuneração).

Quem disse que este último não pode ser um “jovem talento”, com imensa capacidade de liderança, negociação e motivação? Quem garante que nosso garoto da Disneylândia é competente só porque estudou uma escola famosa e fala inglês fluentemente?

Quando se fala tanto em “apagão de talentos”, quantos talentos estamos jogando no lixo?

As revistas especializadas em carreira profissional sempre destacam jovens vencedores, que chegaram a posição de CEO antes dos 40 anos. Serão que são vencedores mesmo? Ou será que venceram esta corrida apenas porque largaram bem na frente?

È triste ver esta crueldade praticada pelos departamentos de Recursos Humanos perpetuando a exclusão social.

Assim sempre veremos nas capas e nas reportagens das revistas especializadas os mesmos meninos criados na “casa grande” aparecendo como grandes vencedores.

Enquanto isso quem cresceu nos terreiros da “senzala” continua sem perspectiva de ascensão profissional/social. Por mais competência, capacidade de superação e talento para negócios que tenha, nunca será escolhido pelos “feitores” desta nova ordem.



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